Paraibuna realiza 2ª Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional e anuncia reativação de Conselho Municipal
Doutora em Antropologia realizou uma palestra sobre “Insegurança Alimentar e o Brasil no Mapa da fome: o desafio do Direito Humano à alimentação adequada”
A Prefeitura da Estância Turística de Paraibuna, por meio do Departamento de Assistência Social e Departamento de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, realizou a 2ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional na última sexta-feira (28). Também foi aprovado o Regimento Interno e comunicada a reativação do Comsea (Conselho Municipal de Segurança Alimentar).
O coordenador da comissão organizadora e diretor de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Danilo Canepelle, realizou a abertura da Conferência agradecendo a participação de todos e explicou a atuação dos dois Departamentos envolvidos na iniciativa.
O vice-prefeito José Machado de Araújo Filho “Dr. Machado”, afirmou que a Conferência é um espaço genuíno que reúne diversas camadas da sociedade para discutir, construir e implementar medidas públicas. “O tema desta Conferência atende a um direito constitucional e isso só será possível com a participação efetiva de todos, porque não se trata de um trabalho de uma pessoa só.”
O presidente da Câmara, vereador Edinho França, ressaltou que os parlamentares têm acompanhado de perto os Conselhos e participado das conferências. “O assunto de hoje aborda não somente boa alimentação com comida de verdade, mas também impacta a geração de emprego, já que atinge os produtores rurais.”
A chefe de Gabinete, Heloísa Antunes de Faria Santos “Professora Helô”, garantiu que a Prefeitura tem como foco o fortalecimento da participação popular e das entidades junto aos Conselhos. “Temos, atualmente, 15 Conselhos atuantes no município. Estabelecemos uma ligação direta com eles para que possamos trabalhar juntos. É importante termos um diálogo aberto pelo bem de nossa cidade, porque juntos faremos mais.”
O diretor de Assistência Social, Henrique Veneziani, explicou a relação do Departamento com a proposta da Conferência e destacou os projetos que contribuem para a nutrição dos munícipes. “Temos o projeto Viva Leite, que garante a nutrição das crianças; a Casa Abrigo que hoje promove o abrigamento de 6 adolescentes, que lá estão bem cuidados e se alimentando da maneira correta. Também a distribuição de cestas básicas, com alimentos ricos em nutrientes, porque oferecer comida de verdade é fundamental. A boa nutrição impacta na longevidade e desenvolvimento das pessoas. A alimentação está intimamente ligada à qualidade de vida.”
O produtor rural Gilberto Vilhena Freitas é agricultor orgânico e explicou a diferença entre a produção convencional, hidropônica e orgânica. “Convencional é produzido com química e agrotóxicos em caso de necessidade. O hidropônico é produzido em água com agrotóxico ou não. Já o orgânico é feito com composto natural. A melhor forma que temos hoje para nos alimentar é procurar um produtor consciente para consumir produtos saudáveis.”
Lilian Sales foi convidada para promover uma palestra sobre o tema “Insegurança Alimentar e o Brasil no Mapa da fome: o desafio do Direito Humano à alimentação adequada”. A professora de Ciências Sociais na Universidade Federal de São Paulo tem mestrado e doutorado em Antropologia Social na USP. Atuou com consultorias ao BID e à Unesco sobre vulnerabilidade social, exclusão e diversidade no Estado de São Paulo.
A palestrante explicou que o Brasil tem dois grandes desafios: o primeiro é a produção de alimentos adequados nutricionalmente e o segundo é a distribuição destes produtos para toda população. “Segurança alimentar é acesso pleno e permanente ao alimento de qualidade, por isso a distribuição é um grande desafio. Insegurança alimentar grave é quando falta o alimento. Já a moderada é a restrição de alimentos na quantidade e na qualidade.”
O economista e servidor público lotado no Departamento de Assistência Social, Cristiano Cristovam, também explanou para os presentes. Ele contextualizou o histórico dos conselhos municipais e falou sobre a importância da discussão do tema. “Segurança alimentar e proteção contra fome estão previstos no art. 25 da Declaração de Direitos Humanos das Nações Unidas.”
O terceiro palestrante foi o engenheiro agrônomo, Sergio Mitsuo Ishicava, da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - regional de Pindamonhangaba), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo. Ele falou sobre os temas envolvidos nos eixos temáticos, que eram: Eixo 1 - Determinantes estruturais e macrodesafios para a soberania e segurança alimentar e nutricional; Eixo 2 - Sistema nacional de segurança alimentar e nutricional e políticas públicas garantidoras do direito humano à alimentação adequada; Eixo 3 - Democracia e participação social.
Em seguida, os participantes se dividiram em grupos para discutir os temas propostos e para eleger os delegados municipais que irão representar a cidade na Conferência Regional. Foram escolhidos Juliane Ferreira, Lucas Rodrigues, Maria de Fátima Villela e Gilberto Vilhena Freitas como sociedade civil; e do Poder Público, Cristiano Cristovam, e a engenheira agrônoma da Casa da Agricultura, Bárbara Faria.